domingo, 13 de janeiro de 2013

Você ama aquele cafajeste.

Você ama aquele cafajeste. 
Ele diz que vai e não liga, 
ele veste o primeiro trapo que encontra no armário.
Ele não emplaca uma semana nos empregos, 
está sempre duro, e é meio galinha. 
Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e 
ainda assim você não consegue despachá-lo. 
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga.
Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas
Por que você ama este cara? 
Não pergunte pra mim; você é inteligente.
 Lê livros, revistas, jornais. 
Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, 
mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
 É bonita. 
Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e 
seu corpo tem todas as curvas no lugar. 
Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. 
Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e 
seu fettucine ao pesto é imbatível. 
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. 
Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor? 
Ah, o amor, essa raposa.
Quem dera o amor não fosse um sentimento, 
mas uma equação matemática: 
eu linda + você inteligente = dois apaixonados. 
Não funciona assim. 
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. 
Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. 
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, 
bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! 
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! 
Pense nisso. 
Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. 
É a contingência maior de quem precisa.

- Arnaldo Jabor

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