Não sei, até hoje não sei se o príncipe era ele.
Eu não podia saber, [...]
Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada,
dava um castelo e bruxas para ele matar,
dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse,
fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros,
com as cascas dos cocos, até com a minha carne
eu construía um cavalo branco para aquele príncipe.
Mas ele não queria, acho que ele não queria,
e eu não tive tempo de dizer que quando
a gente precisa que alguém fique a gente
constrói qualquer coisa, até um castelo.
Caio Fernando Abreu
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